As regiões sudeste e centro-oeste do Brasil entraram em alerta de emergência hídrica para o período de junho a setembro de 2021, anunciado no dia 28 de maio deste ano pelo governo. Os estados de Minas Gerais, Goiás, Mato Grosso do Sul, São Paulo e Paraná enfrentam hoje a pior seca em 91 anos.
A atual crise hídrica não afeta apenas o abastecimento de água às populações e atividades econômicas, ela tem impacto direto sobre a infraestrutura de produção e fornecimento de energia elétrica do país que opera por meio do Sistema Interligado Nacional (SIN). O SIN é um sistema hidro-termo-eólico de grande porte de predominância hidroelétrica constituído por quatro subsistemas – Sul, Sudeste/Centro-Oeste, Nordeste e Norte.
Uma vez que o sistema é centralizado e interligado e visto que os reservatórios das hidrelétricas do subsistema Sudeste/Centro-Oeste, que abastecem 70% de toda a energia hidrelétrica do país, se encontram com os menores níveis desde o apagão acorrido em 2001, as preocupações com o valor da energia elétrica e risco de um novo apagão se tornam cada vez maiores. Ao mesmo tempo, na região Norte do Brasil registram-se as maiores cheias nos últimos 100 anos.
Se ligarmos os pontos, não há dúvidas que estejamos enfrentando uma crise ambiental global.
A atual crise hídrica brasileira, segundo os especialistas no assunto, está relacionada a três causas específicas, o desmatamento da Amazônia, a mudança climática intensificada pela queima de combustíveis fósseis e o fenômeno natural La Niña.
Conforme a Unesco (2020) as alterações hidrológicas induzidas pela mudança climática afetarão a disponibilidade, a qualidade e a quantidade de água impactando as atividades humanas e bilhões de pessoas que sofrerão com a escassez e falta de acesso a água e ao saneamento; e acrescerão desafios à gestão sustentável dos recursos hídricos, que já estão sob forte pressão em muitas regiões do mundo.
Diante deste cenário a chamada Infraestrutura Verde é reconhecida pelo seu potencial de mitigar os efeitos da mudança do clima e evitar crises hídricas no futuro. Através de uma rede de espaços verde-azuis (sistema hídrico e vegetação) trabalhados com Soluções baseadas na Natureza (SbN) ela confere à paisagem múltiplas funções que incluem o armazenamento, disponibilidade, distribuição e manutenção da água sem excluir o desenvolvimento humano.
A água é um componente essencial de quase todas as estratégias de mitigação e adaptação traçadas no Acordo de Paris e um elemento de conexão fundamental para o alcance dos 17 Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS), embora ela não seja mencionada e reconhecida como tal (Unesco, 2020).
Com propósito de difusão do conhecimento acerca da importância de pensar, planejar e projetar infraestruturas verdes o Bio Acervo deste mês indica o trabalho do Doutor em Arquitetura e Urbanismo pela Universidade de São Paulo (FAU-USP), Ramón Stock Bonzi, que defendeu em sua tese o potencial da infraestrutura verde no melhoramento do abastecimento da água e reversão do colapso hidrológico urbano da região metropolitana de São Paulo (Bonzi, 2019). A Tese de Doutorado de Bonzi intitulada, A dimensão infraestrutural da paisagem: uma estratégia para a “crise hídrica” da Grande São Paulo, pode ser acessada gratuitamente pela Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da USP.
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Referências Bonzi, Ramón Stock. A dimensão infraestrutural da paisagem: uma estratégia para a “crise hídrica” da grande São Paulo. SiBi-USP: São Paulo, 2019. 227 f. Unesco. Relatório Mundial das Nações Unidas sobre Desenvolvimento dos Recursos Hídricos 2020. Água e Mudança Climática. Unesco, World Water Assessment Programme. Unesco. Relatório Mundial das Nações Unidas sobre Desenvolvimento dos Recursos.